segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Poema de decepção

Para mim, a experiência da carne
que mais me dói é o amor.
O amor de dar,
de receber.
O amor que me exige
o aceitar,
o aceitar-se
e o aceitar do mundo
e da vida
como ela se dá.
Para mim, a experiência da carne
que mais me dói é o amor.
O amor da recusa,
o amor do não,
da morte cotidiana
e do suicídio.
O amor da submissão
e do fim.
Para mim, a experiência da carne
que mais me dói é o amor.
O amor que sangra,
aquele que me arde,
que me abre as feridas.
O amor que crava
as podres unhas na pele
e arranha no corpo e na alma
até que a carne se torne alma
e que a alma se torne carne.
Até que tudo se torne poesia.
Para mim, a experiência da carne
que mais me dói é a poesia.